terça-feira, 18 de setembro de 2012

Re Encontro


 Ao cair da noite senti um arrepio percorrer pelo meu corpo.
Mas era a minha última chance de sair de casa. Preocupei-me com aquele sentimento, mas pensava para mim mesmo que não era nada, apenas eu não queria sair daquele jeito, porém essa era a única solução.
Pus os pés na calçada deserta, eram dez horas da manhã, ninguém para me dizer que ficasse e que tudo se resolveria, mas quem me diria essas palavras cordiais se a vida já não era mais a mesma, se eu já não era mais o mesmo, os meus filhos já não ocupavam a minha memória com a mesma frequência.
E por falar neles, onde eles estariam naquele momento tão sombrio em minha vida?
Não sei, mas algo me diz que lhes encontrarei logo.
Dei continuidade a minha caminhada, as lembranças sobre os meus, tinham me atrasado, agora deveria recuperar os passos que não havia dado.
Caminhei, perseverante, confiante...
E agora, onde estas?
Nada!
Apenas o nada diante dos meus olhos.
Caminhei, caminhei, caminhei, caminhei, caminhei...
Olhei a minha direita e o encontrei.
Os meus olhos brilharam de excitação.
Foi quando lembrei que nada tinha sido posto no meu estômago para ele ficar contente comigo.
Mais um que me abandonaria em função da miséria espiritual que me encontrava.
Deixei mais uma vez meus pensamentos de lado e fui em direção do que tanto que queria.
O mar.
Lá estava ele.
Agitado, turbulento, rigoroso.
Assim como eu quando jovem e tinha uma família ligeiramente feliz.
Não aguentava mais a demora, já havia quase um ano quando marquei aquele encontro inadiável.
Cheguei mais perto.
O meu coração acelerava com a mesma força de um tanque de guerra maldito.
Parei.
Lindo, como sempre.
Mas hoje com um novo propósito.
O de me receber.
Entrei devagar e sempre. Sentia a brisa entrar nas minhas narinas e devorar os meus cabelos e barba. Uma leve pitada de sal passou pela minha boca.
Sorri.
Não queria mais respirar naquele momento. E se eu respirasse acabaria rápido de mais.
Era como eu realmente imaginava.
Consegui identificar os corais e algas vermelhas.
Quão maravilhoso era aquele momento!
Mas já estava muito cansado e a minha vida não permitia tantos momentos de boca aberta e dentes amostra.
Chega!
Disse a mim mesmo.
De repente, tudo ficou salgado.
Pare!
Mais sal.
Que caralho! Pare, eu já disse!
Em fim uma ordem obedecida.
Parou!
Cessou!
Fim!

         Ah! Como eles estavam lindos, da mesma maneira que eu os vi quando nasceram e agora os meus filhos me veem despertar para a nova vida.

Abraços, abraços e mais abraços.
Final feliz...

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